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90 anos do voto feminino no Brasil: das pioneiras à alta desigualdade na política
22 de abr de 2022 / em Temas Gerais / por AdministradorCódigo Eleitoral garantiu o voto das mulheres em 1932, mas brasileiras ainda sofrem com a exclusão na política. O dia 24 de fevereiro de 1932 foi bastante comemorado no Rio Grande do Norte. Não de maneira apoteótica, como o carnaval de rua sugere ou a Festa de São João induz, mas sim de forma contida: com pequenas reuniões em jardins, regadas a chás e quitutes.As celebrações marcavam a sanção do primeiro Código Eleitoral (Decreto nº 21.076), que garantiu oficialmente às mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas no Brasil. A conquista foi celebrada em todo o país, mas como o estado nordestino foi pioneiro na conquista o chá estava mais doce por lá.Tanto a primeira eleitora brasileira (a professora Celina Guimarães votou pela primeira em 1927), como a primeira política eleita (a prefeita de Lajes, Alzira Soriano, que assumiu o cargo em 1929) são naturais do Rio Grande do Norte.Também pudera: Celina e Alzira entraram para a história graças à Lei Estadual nº 660, de 25 de outubro de 1927, que tornava o Rio Grande do Norte o primeiro estado a estabelecer a não distinção de sexo para o exercício do voto.As potiguares estamparam jornais do mundo todo por serem pioneiras no Brasil e estarem entre as pioneiras da América Latina. Até hoje a presença das mulheres na política brasileira ganha espaço na mídia internacional, mas, 90 anos depois, os destaques são bastante diferentes. Os índices ruins do BrasilDe acordo com dados do Inter-Parliamentary Union, organização que reúne os parlamentos dos países ligados à ONU, o Brasil está na 142ª posição no ranking de participação de mulheres no congresso nacional. De todas as Américas (38 países e 18 dependências), o Brasil supera apenas o Paraguai (144ª), Bahamas (151ª) e Belize (154ª).Trocando em miúdos, o Brasil perde para países economicamente mais pobres (como Honduras, Colômbia e Equador, segundo índice do Banco Central), com índices educacionais mais baixos (como Argentina e Peru, segundo o PISA) e até para uma democracia mais fragilizada, como é o caso da Venezuela.“Se toda uma área está evoluindo para um mesmo caminho, podemos dizer, com clareza, que há uma sensibilidade e compreensão de um problema. Mais mulheres em espaços de poder significa mais democracia, mais democracia significa mais justiça social”, afirma Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais.Dados do Atenea, estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com a ONU Mulheres, divulgados em 2020, ilustram a fala da professora.Além de considerar a presença de mulheres na cena política, o levantamento analisou oito tópicos como “grau de participação das mulheres no sufrágio”, “existência de estruturas voltadas à igualdade de gênero nos partidos e sua atuação como instância decisória” e “poder legislativo” em 11 países da América Latina.A métrica utilizada foi o Índice de Paridade Política (IPP) que conta com uma escala de 0 a 100 pontos. A maior nota dada para o Brasil foi 80 no quesito “exercício do direito ao sufrágio”, e a menor nota foi 13,3 pontos no item “cotas e paridades”. O Brasil amarga a nona posição.As mulheres no Brasil não sofrem de uma baixa representação, mas sim uma exclusão na política. Enquanto a maioria dos países está discutindo equidade de gênero, nós ainda estamos lutando para execução de cotasMarlise Matos, professora da UFMGSegundo a acadêmica, que estuda o tema de gênero na América Latina há mais de 20 anos, o maior problema para a falta de candidaturas femininas é a estrutura dos partidos.“O partido político é o gatekeeper, ou seja, quem define as candidaturas. E quem preside os partidos? Homens brancos. É muito comum ouvir de dirigentes ‘eu reservei a cota, mas as mulheres não vêm’. Isso é jogo cênico. Há falta de apoio nos partidos, que vão desde atraso no repasse de financiamento para campanha até silenciamento de candidatas”, diz.A chance de escrever o futuroEnquanto aqui a discussão de cotas e a representação mínima de mulheres na política engatinha, no Chile o tema ensaia dar saltos.Em outubro do ano passado, 78% dos chilenos foram às urnas votar “sim” no plebiscito que perguntava sobre a necessidade de uma nova Constituição que substituiria a Carta Constitucional escrita por militares em 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet.Dentre as mudanças propostas, estavam também alterações no processo de escrita. A convenção, caso o “sim” ganhasse, teria de assegurar paridade de gênero dentre as 155 pessoas eleitas pela sociedade para redigir o documento.Mulher em Santiago vota na eleição para presidente do Chile em 2021 / Marcelo Hernandez/Getty ImagesA pessoa eleita para presidir a convenção foi a líder mapuche Elisa Loncon, seguida pelo ex-deputado Harry Jürgensen e, em terceiro, Patricia Politzer.“O primeiro produto que sairá dessa nova constituição virá da sociedade civil, das organizações sociais e populares. Ter um quórum misto permite que mais pessoas e mais grupos sejam ouvidos”, explica Alondra Carrillo, porta-voz da constituinte feminista e do movimento 8M.“Nosso desejo e nossa missão é que este seja um documento mais democrático, que impeça que o poder continue nas mãos de líderes de pequenos setores que lutam por seus interesses pessoais.”Embora o Chile tenha passado por uma efervescência social e política nos últimos anos, a ativista defende que ainda há muitos outros campos na política que precisam de paridade de gênero. Atualmente, dos 155 deputados, apenas 35 são mulheres. No Senado, as mulheres ocupam somente dez das 43 cadeiras.Há conquistas, mas também há violênciaDesde a época da independência da Bolívia, as mulheres são destaques nas lutas sociais, o que se reflete na política: metade do parlamento é composta por mulheres, enquanto no Senado, as mulheres são maioria, com 20 das 30 cadeiras.Na economia os índices de gênero tentam acompanhar a política. Das dez famílias mais ricas, três são chefiadas por mulheres, mas em praticamente todas há participações de mulheres em cargos empresariais importantes. Seria este o cenário ideal para a paridade de gênero?“Definitivamente não”, responde a historiadora boliviana Sayuri Loza.“Apesar da grande quantidade de mulheres em cargos eleitos, há pouquíssimas leis que nos favorecem ou garantem nossos direitos. Também não existem mulheres em cargos estratégicos, como presidente dos partidos. Isso faz com que haja uma ‘saudação à bandeira’ [termo boliviano que pode ser comparado ao ‘voto de cabresto’] com o que o partido decidir. Não são raras as vezes que os partidos decidem algo que vai contra os direitos das mulheres. E se elas vão contra esse sistema, são aniquiladas.”O termo, neste caso, pode ser usado tanto simbolicamente como na prática. A violência física contra mulheres políticas na Bolívia, de fato, é alarmante.Há dezenas de exemplos recentes, mas um caso específico ganhou o noticiário internacional em 2019, o de Patricia Arce. A prefeita de Vinto foi sequestrada e obrigada a andar descalça por quilômetros banhada por uma tinta vermelha, após ser agredida por um movimento extremista.A médica e pedagoga Carlota Pereira de Queiroz tornou-se, na década de 1930, a primeira deputada federal eleita na história do Brasil / Estadão Conteúdo (9/12/1963)“A Bolívia está passando por um período de violência que é promovido pelos próprios partidos políticos e grupos sociais extremistas. Essa dicotomia de “nós” versus “eles” é benéfica para o jogo político, não para a sociedade”, diz Sayuri Loza, filha de Remedios Loza, a primeira “mujer de pollera” (mestiças que usam trajes tradicionais) a presidir a Câmara de Deputados na Bolívia.“Com a mulher isso se torna ainda mais violento porque ela é um alvo muito mais fácil: pode difamar a vida sexual, seu corpo, sua família. A mulher sempre está mais vulnerável.”Mas como na política nada é eterno, é possível encontrar uma saída para aumentar a participação efetiva de mulheres na política — mesmo que seja fora dos moldes tradicionais.“Esse desprestígio para com a classe política está fazendo com que nasça uma nova política. Não em termos de partido, mas que envolva redes sociais. Influenciadores são a nova política”, diz Sayuri comparando como exemplos a ativista Maria Galindo e a deputada Estefania Morales. “Galindo tem muito mais acesso [à cúpula da política], mais abertura do que Estefania. É nítido”.Seria a internet um território neutro na questão de gênero? “Nas redes sociais, sim. A imagem feminina vende mais que a masculina. Só nos resta entender como usar”, conclui a historiadora e artesã, como gosta de enfatizar para registrar sua herança ‘chola’. Ler artigo completo -
Chances de viver até os 90 anos variam entre diferentes sexos e tamanhos de corpo
15 de abr de 2022 / em Saúde / por AdministradorEstudo, realizado por décadas, aponta que nível de atividade física é mais determinante na expectativa de vida de mulheres do que de homens.Viver até pelo menos os 90 anos pode depender do tamanho do seu corpo — altura e peso — bem como do seu nível de atividade física, e parece influenciar a expectativa de vida de uma mulher mais do que a de um homem. As descobertas são de um estudo publicado no periódico britânico Journal of Epidemiology & Community Health. A pesquisa descobriu que as mulheres que viviam até os 90 anos eram, em média, mais altas e engordavam menos desde os 20 anos, em comparação com as mulheres que eram mais baixas e mais pesadas. A mesma associação não foi observada para os homens. No entanto, os homens tiveram mais benefícios da atividade física do que as mulheres.Embora o estudo seja observacional e não possa estabelecer a causa, os resultados “fornecem dicas interessantes de que a saúde de homens e mulheres pode responder de maneira diferente ao IMC, altura e exercício”, disse o epidemiologista David Carslake, pesquisador associado sênior da Universidade de Bristol, no Reino Unido, que não participou do estudo.O IMC, que significa Índice de Massa Corporal, é uma medida da gordura corporal com base no cálculo da altura e do peso.Um estudo de décadasEm 1986, pesquisadores perguntaram a mais de 7.000 homens e mulheres da Holanda, que tinham entre 55 e 69 anos, sobre sua altura, peso atual e quanto pesavam aos 20 anos. Ambos os sexos também falaram aos pesquisadores sobre sua atividade física, que incluía passear com cães, jardinagem, melhorias na casa, caminhar ou andar de bicicleta para o trabalho e esportes.Os homens e mulheres foram então classificados em cotas de atividades diárias: menos de 30 minutos, 30 a 60 minutos e 90 minutos ou mais.Os grupos foram acompanhados até morrerem ou atingirem a idade de 90 anos; dos 7.807 participantes, 433 homens e 994 mulheres viveram até essa idade. Questões que poderiam afetar a longevidade, como tabagismo e nível de uso de álcool, também foram levadas em consideração.Homens e mulheres no estudo tiveram resultados muito diferentes quando se tratava do impacto do tamanho do corpo e do exercício. As mulheres que pesavam menos aos 20 anos e engordavam menos à medida que envelheciam eram mais propensas a viver mais do que as mulheres mais pesadas. A altura desempenhou um fator importante: o estudo descobriu que mulheres com mais de 1,50m de altura tinham 31% mais chances de viver até os 90 anos do que mulheres com menos de 1,70m.No entanto, nem a altura e nem o peso pareciam influenciar se os homens atingiram os 90 anos, mas o nível de atividade física sim.Homens que passaram 90 minutos por dia ou mais sendo ativos tiveram 39% mais chances de viver até 90 do que homens que foram fisicamente ativos por menos de 30 minutos. Além disso, para cada 30 minutos por dia que os homens eram ativos, eles tinham 5% mais chances de atingir essa idade.Já as mulheres que eram fisicamente ativas por mais de 60 minutos por dia eram apenas 21% mais propensas a viver até 90 do que aquelas que faziam 30 minutos ou menos. De fato, o estudo descobriu que o nível ideal de atividade para as mulheres era de 60 minutos por dia.Diminuição da expectativa de vidaA expectativa média de vida vem aumentando na maior parte do mundo, mas estudos recentes mostram uma desaceleração dessa tendência em alguns países desenvolvidos.Nos Estados Unidos, por exemplo, a expectativa de vida vem diminuindo nos últimos anos. As overdoses de drogas e os suicídios são os culpados pelo declínio mais recente, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, mas as principais causas de morte permanecem as mesmas.O ganho de peso e a falta de exercício afetam todas as três principais causas de morte dos norte-americanos: doenças cardíacas, câncer e derrame.“Agora está muito claro que o excesso de peso, obesidade e estilos de vida sedentários são prejudiciais à saúde”, disse Carslake. “Estudos como este, que examinam a forma das associações e perguntam se elas são as mesmas em diferentes grupos serão cada vez mais importantes” concluiu o pesquisador britânico. Ler artigo completo -
Dose única contra HPV protege significativamente contra câncer do colo do útero, diz OMS
11 de abr de 2022 / em Temas Gerais / por AdministradorNovas recomendações do grupo de trabalho da OMS têm como base preocupações com baixa cobertura vacinal no mundo. A dose única da vacina contra o HPV oferece proteção robusta contra o vírus que causa o câncer de colo do útero. A proteção se mostrou comparável aos esquemas de duas ou três doses do imunizante. Os dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (11). Os achados são fruto de uma reunião do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE, na sigla em inglês), realizada entre os dias 4 e 7 de abril.Segundo a OMS, a descoberta pode ser um divisor de águas para a prevenção da doença, uma vez que a dose única poderia ser aplicada em um número maior de mulheres. A OMS afirma que o câncer do colo do útero é altamente evitável, sendo uma doença de desigualdade de acesso.A nova recomendação do grupo de trabalho da OMS tem como base preocupações com a lenta introdução da vacina contra o HPV nos programas de imunização e baixa cobertura geral da população, especialmente em países mais pobres. Mais de 95% dos casos do câncer do colo do útero são causados pelo HPV, vírus transmitido sexualmente. A doença é o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres em todo o mundo, com 90% dessas mulheres vivendo em países de baixa e média renda.“A vacina contra o HPV é altamente eficaz para a prevenção dos sorotipos 16 e 18 do HPV, que causam 70% dos casos de câncer do colo do útero”, disse Alejandro Cravioto, presidente da SAGE em comunicado.O grupo de trabalho recomenda que os países introduzam as vacinas contra o HPV nos sistemas de saúde e priorizem a recuperação de meninas e mulheres que ainda não foram imunizadas. Segundo a OMS, as orientações poderão contribuir para aumentar a cobertura vacinal e, consequentemente, evitar o desenvolvimento desse tipo de câncer.Orientações da OMSA OMS recomenda a atualização dos esquemas de dose para HPV da seguinte formaEsquema de uma ou duas doses para o alvo primário de meninas de 9 a 14 anosEsquema de uma ou duas doses para mulheres de 15 a 20 anosDuas doses com intervalo de seis meses para mulheres com mais de 21 anosDe acordo com a OMS, pessoas imunocomprometidas, incluindo aquelas com HIV, devem receber três doses, quando possível, ou no mínimo duas doses, uma vez que as evidências sobre a eficácia de uma dose única neste grupo ainda são limitadas.“Acredito firmemente que a eliminação do câncer do colo do útero é possível. Em 2020, a Iniciativa de Eliminação do Câncer Cervical foi lançada para enfrentar vários desafios, incluindo a desigualdade no acesso a vacinas. Essa recomendação de dose única tem o potencial de nos levar mais rápido ao nosso objetivo de ter 90% das meninas vacinadas aos 15 anos até 2030”, comentou a Diretora-Geral Adjunta da OMS, Princess Nothemba (Nono) Simelela.Cobertura vacinalGlobalmente, a aceitação da vacina tem sido lenta e a cobertura nos países muito inferior à meta de 90%. Em 2020 a cobertura global com duas doses foi de apenas 13%.Segundo a OMS, vários fatores influenciaram este cenário, incluindo desafios de fornecimento, de planejamento e custos relacionados à entrega do esquema de duas doses para mulheres mais velhas que normalmente não fazem parte dos programas de vacinação infantil. Além disso, pesa o custo relativamente alto das vacinas contra o HPV, principalmente para países de renda média.“Precisamos de compromisso político complementado com caminhos equitativos para o acesso à vacina contra o HPV. Não fazer isso é uma injustiça para a geração de meninas e mulheres jovens que podem estar em risco de câncer do colo do útero”, completa Princess.A opção por um esquema de dose única da vacina é menos dispendiosa, consome menos recursos e é mais fácil de administrar. Além disso, facilita a implementação de campanhas de recuperação para várias faixas etárias, reduz os desafios ligados ao rastreamento de meninas para a segunda dose e permite que os recursos financeiros e humanos sejam redirecionados para outras prioridades de saúde. Ler artigo completo -
OMS lança diretrizes inéditas em apoio a mulheres e recém-nascidos após o parto
30 de mar de 2022 / em Saúde / por AdministradorAtualmente, mais de três em cada dez mulheres e bebês em todo o mundo não recebem cuidados pós-natais nos primeiros dias após o nascimento, segundo a OMS. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, nesta quarta-feira (30), diretrizes globais inéditas para apoiar mulheres e recém-nascidos no período pós-natal, que considera as primeiras seis semanas após o nascimento. Segundo a OMS, este é um momento crítico para garantir a sobrevivência do recém-nascido e da mãe e para apoiar o desenvolvimento saudável do bebê, bem como a recuperação e o bem-estar mental e físico geral da mãe.Atualmente, mais de três em cada dez mulheres e bebês em todo o mundo não recebem cuidados pós-natais nos primeiros dias após o nascimento – o período em que ocorre a maioria das mortes maternas e infantis.Enquanto isso, as consequências físicas e emocionais do parto – de lesões a dores e traumas recorrentes – podem ser debilitantes se não forem tratadas. Geralmente, as condições são altamente tratáveis quando os cuidados adequados são prestados no momento oportuno. Diretor de Saúde Materna, Neonatal, Infantil e Adolescente e de Envelhecimento da OMS, Anshu Banerjee, afirma que ampliar os cuidados em saúde da mãe e dos recém-nascidos é uma necessidade que vai além do momento do nascimento.“De fato, o nascimento de um bebê é um momento de mudança de vida, que está ligado ao amor, esperança e emoção, mas também pode causar estresse e ansiedade sem precedentes. Os pais precisam de sistemas de saúde e apoio fortes, especialmente as mulheres, cujas necessidades são muitas vezes negligenciadas quando o bebê nasce”, afirmou Banerjee, em comunicado.O que dizem as diretrizes da OMSSegundo a OMS, as primeiras semanas após o nascimento são cruciais para a construção de vínculos e de comportamentos que afetam o desenvolvimento e a saúde infantil a longo prazo.As diretrizes incluem orientações sobre amamentação e informações de apoio aos pais no oferecimento de cuidados aos recém-nascidos. No total, as novas diretrizes reúnem mais de 60 recomendações que ajudam a moldar uma experiência pós-natal positiva para mulheres, bebês e famílias.A OMS recomenda que sejam realizados ao menos três exames pós-natais nas primeiras seis semanas, incluindo visitas domiciliares, se possível. No caso de parto domiciliar, o primeiro contato pós-natal deve ocorrer o mais precocemente possível e, no máximo, 24 horas após o nascimento. Além de tratamento, apoio e aconselhamento para ajudar na recuperação e resolução de problemas comuns que as mulheres podem sentir após o parto, como dor perineal e enchimento excessivo das mamas (ingurgitamento mamário).O apoio deve ser estendido à família no sentido de acompanhamento dos sinais do bebê, com a triagem de todos os recém-nascidos para anormalidades oculares e deficiência auditiva, bem como vacinação ao nascimento.A OMS destaca que as mulheres devem receber aconselhamento sobre aleitamento materno, acesso à contracepção pós-natal e promoção da saúde, inclusive para atividade física, além de triagem para depressão e ansiedade pós-parto. Os parceiros devem receber incentivo ao envolvimento, participando de consultas, por exemplo, além de dar apoio à mulher e cuidar do recém-nascido.As recomendações detalham ainda o tempo mínimo de permanência hospitalar após o nascimento e fornecem orientações sobre os critérios de alta. No entanto, o tempo necessário pode variar de um caso para o outro, de acordo com o contexto social, experiência de parto e quaisquer problemas de saúde.Consultas pós-natais adicionais são recomendadas para mulheres e recém-nascidos saudáveis entre 48 e 72 horas, entre sete e 14 dias e durante a sexta semana após o nascimento. Se forem identificados riscos para a saúde, provavelmente serão necessários mais atendimentos, com acompanhamento além das primeiras seis semanas.“As evidências mostram que as mulheres e suas famílias querem e precisam de uma experiência pós-natal positiva que as ajude a enfrentar os imensos desafios físicos e emocionais que ocorrem após o nascimento de seus bebês, enquanto constroem sua confiança como pais”, disse Mercedes Bonet, médica da OMS, em comunicado.“Serviços pós-natais devem fornecer suporte vital de saúde física e mental, enquanto ajudam os cuidadores a prosperar na prestação de cuidados certos para seus recém-nascidos”, completou. Ler artigo completo -
Estudo: divulgação não autorizada de imagens íntimas impacta saúde mental de mulheres
19 de mar de 2022 / em Temas Gerais / por AdministradorPesquisa conduzida por especialistas da Fiocruz Minas aponta que mulheres sofrem danos como depressão, fobias, transtorno alimentar e dificuldades de se relacionar socialmente. A divulgação de imagens íntimas sem autorização afeta a saúde mental de mulheres em todo o mundo. No Brasil, divulgar cena de sexo, nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima é crime previsto no Código de Processo Penal.Uma pesquisa conduzida por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas) aponta que mulheres que tiveram imagens íntimas divulgadas sem autorização sofrem impactos como automutilação, depressão, fobias, ideações e tentativas de suicídio, transtorno alimentar, alcoolismo, dificuldades de se relacionar socialmente e problemas de autoestima.A análise realizada pelo Grupo de Violência, Gênero e Saúde da Fiocruz Minas avaliou os danos à saúde das mulheres que sofreram esse tipo de violência e como se dão os cuidados em saúde necessários nessas situações. O estudo é fruto da tese de doutorado de Laís Barbosa Patrocínio, sob orientação da pesquisadora Paula Bevilacqua. Para a análise, as pesquisadoras fizeram entrevistas com 17 mulheres, com idades entre 18 e 62 anos, que tiveram imagens divulgadas sem autorização e com dez profissionais de saúde e de assistência social que prestaram atendimento. Entre as vítimas de situação de violência, o intervalo de idade foi de 17 a 50 anos.O estudo abrange 18 cidades de seis estados brasileiros, sendo capitais, cidades litorâneas, do interior e região metropolitana, de pequeno, médio e grande portes. Os depoimentos foram obtidos durante o segundo semestre de 2020.“A pesquisa coincidiu com o primeiro ano da pandemia, o que trouxe vários complicadores. Foi preciso fazer todas as entrevistas por vídeo, por meio de plataforma digital. O lado positivo disso foi a possibilidade de conseguir uma diversidade territorial, com participantes de várias localidades, e também de classe e étnico-racial”, explica Laís, em comunicado.As mulheres vítimas da violência narraram como foram produzidas e divulgadas as imagens íntimas, a forma como o episódio impactou suas vidas e se buscaram apoio. As profissionais da saúde e da assistência social relataram os casos atendidos, os cuidados oferecidos e os desafios na atenção a essa situação de violência.Diferentes tipos de exposiçãoDe acordo com a pesquisa, a forma como as mulheres são expostas varia. Foram identificadas diferentes possibilidades nos processos de produção, obtenção e divulgação das imagens. Enquanto algumas mulheres produziram o conteúdo, outras foram registradas sem o conhecimento.Em relação à exposição, a pesquisa aponta que as motivações envolvem afirmação da masculinidade do homem que comete o crime, controle e condenação da sexualidade das mulheres, além de vingança, comercialização e extorsão.Em outros casos, as imagens não se referem à sexualidade das mulheres. Algumas foram expostas em momentos sob efeito de álcool ou em brigas com parceiro. “Isso revela uma vigilância não apenas da sexualidade feminina, mas também de outros comportamentos. A exposição é também de momentos de descontrole da pessoa, demonstrando uma necessidade de manter o comportamento feminino sob controle o tempo todo”, diz a pesquisadora.Danos para a saúde mentalOs impactos da exposição para a saúde mental das mulheres são diversos. Segundo o estudo, os danos incluem abalos na autoestima, tentativas de tirar a própria vida, além de agravos para fragilidades já existentes.“É o caso de distúrbios alimentares e estados depressivos; quem já tinha predisposições desenvolveu. Outra consequência importante é o sentimento de culpa, relatado tanto pelas vítimas como pelos profissionais. É uma culpabilização externa que acaba virando interna e vai minando a autoestima”, afirma Laís.Segundo a especialista, o sentimento de culpa faz com que muitas mulheres deixem de procurar ajuda. “Além disso, o dano se dá sobretudo nas relações. Muitas das entrevistadas relataram que o que mais machuca não é a vergonha da exposição, mas o fato de não serem apoiadas por familiares e amigos”, diz.Entre os desafios no atendimento de vítimas da exposição íntima, a pesquisa identificou dificuldades de sintonia entre as instituições, ausência de conforto e privacidade na recepção e no atendimento e a necessidade de relatar o ocorrido a vários profissionais, além de julgamentos na assistência policial.A pesquisa também verificou como o tema tem sido tratado no contexto acadêmico a partir de uma revisão bibliográfica. Os achados apontam que há uma abordagem conservadora até mesmo nos artigos científicos.“Apenas 15% dos artigos sobre o vazamento de imagens íntimas classificam a situação como violência de gênero. Então, nosso estudo pretende a chamar a atenção também da própria academia para refletir sobre essa abordagem”, ressalta Laís. Ler artigo completo -
Violência de gênero contra jornalistas soma 119 casos em 2021, diz estudo
09 de mar de 2022 / em Temas Gerais / por AdministradorDaniela Lima, âncora da CNN, é citada como a mais agredida; ataques são em sua maioria digitais e iniciados por autoridades do governo. Em 2021, foram registrados 119 ataques contra mulheres jornalistas e ataques de gênero envolvendo profissionais da imprensa. Na média, ocorreu um ataque do tipo a cada três dias.Os dados são do relatório “Violência de gênero contra jornalistas”, produzido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio do Global Media Defense Fund da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre as jornalistas agredidas, o levantamento aponta que a âncora da CNN Daniela Lima foi a mais atingida.“Em apenas um ano, ela foi alvo de 8 ataques diferentes, relacionados a temas de política, segurança pública e economia e emprego. Em um único caso, Lima foi alvo de cinco agressores diferentes”, mostra o estudo. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, traz registros de ataques públicos contra “mulheres, cis e transgênero, meios de comunicação voltados para pautas feministas e agressões com características sexistas, homofóbicas, transfóbicas ou misóginas, classificadas como “ataques de gênero” e que podem vitimar homens e mulheres (cis ou trans) e pessoas não-binárias”.Entre os 119 casos, 38% foram classificados como ataques de gênero. Os alvos principais: a moral e reputação de jornalistas mulheres (32 casos) e ataques homofóbicos (8) e transfóbicos (1).Os dados revelam ainda dois casos de violência física contra mulheres jornalistas e dois ataques online motivados por cobertura jornalística relacionada a gênero.Além de Daniela Lima, o levantamento lista outras jornalistas brasileiras agredidas: Juliana Dal Piva, Mônica Bergamo, Patricia Campos Mello, Amanda Klein e Vera Magalhães.As agressões e os agressoresA pesquisa da Abraji revela ainda que, em 18% dos 119 casos, as vítimas foram atacadas por seu histórico profissional, por suas conexões (pessoais ou profissionais) ou por aquilo que representam para o jornalismo brasileiro, independentemente do tema das reportagens e da cobertura.Mas a maioria dos ataques (60%) foi motivada pela temática da cobertura jornalística, de política, e 52% dos agressores identificáveis foram agentes do Estado.No caso da cobertura sobre saúde, em 80% dos casos das agressões, de acordo com o relatório, “a hostilidade contra as jornalistas e comunicadores foi, sobretudo, inflamada por opositores das medidas de distanciamento social e controle da pandemia, pessoas antivacina e grupos que acusam a imprensa brasileira de conspirar contra o governo de Jair Bolsonaro”.Pesquisa: em 2021, foram registrados 119 ataques contra mulheres jornalistas ou ataques de gênero / Abraji/Voces del SurSegundo a pesquisa, 69% dos episódios de violência com mais de um agressor foram iniciados por autoridades do governo e funcionários vinculados aos poderes do Estado.“Em 52% dos casos com múltiplos agressores, constatou-se uma tendência de vinculação entre essas autoridades e redes de trolls na internet. Nesses casos, autoridades públicas iniciaram os ataques e redes organizadas ou semi-organizadas de usuários os amplificaram, reproduzindo os mesmos conteúdos ou muitas vezes os mesmos termos, gerando um efeito de empilhamento de mensagens abusivas”, diz trecho do relatório.O estudo detalha ainda que, em 68% dos 119 casos registrados, as agressões se originaram no meio digital. A maioria desses casos (93%) foi de ataques verbais para difamar e desacreditar a vítima, além de ameaças e restrições na internet.Os pesquisadores construíram uma nuvem de palavras com algumas das ofensas mais comuns: “vagabunda”, “puta”, “feia”, “velha”, “biscate”, “queima rosca” e “viado” foram alguns desses termos.Outras palavras que apareceram foram “loucas”, “mentirosas”, “fofoqueiras” e, com uma conotação mais ideológica, “militantes”, “jornazistas”, “comunistas” e “esquerdistas”.Nuvem de palavras mostra as principais ofensas direcionadas às jornalistas mulheres, segundo pesquisa / Abraji/Voces del SurAtaques pelas redes sociaisA metodologia do levantamento combina diferentes técnicas de coletas de dados por redes sociais e veículos de comunicação, além de transcrições de vídeos do Youtube.Entre as plataformas analisadas, o Twitter foi a plataforma digital mais usada para ataques contra jornalistas (66), seguido por Instagram, Facebook, YouTube e WhatsApp.SubnotificaçõesA Abraji monitora ataques a jornalistas no Brasil desde 2013 e alerta para o crescimento desses abusos ao longo dos anos. Entre 2020 e 2021, a associação registrou um aumento de 24,3% nos alertas de violações à liberdade de imprensa.A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo considera ainda que um dos principais desafios para esse tipo de levantamento é a subnotificação de casos, “provocada pelo estigma que pode acompanhar o ato de denunciar uma agressão”.Além da Abraji, o levantamento foi produzido em parceria com a rede Voces del Sur e conta com apoio do Instituto Patrícia Galvão; da associação Mulheres Jornalistas; da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), da empresa social Gênero e Número; do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e do Repórteres sem Fronteiras. Ler artigo completo -
Ministério da Economia lança programa de crédito para mulheres empreendedoras
08 de mar de 2022 / em Cidadania / por AdministradorIniciativa conta com três eixos principais de atuação: o desenvolvimento de mecanismos e do ambiente de negócios, educação empreendedora e transformação social. O Ministério da Economia lançou nesta terça-feira (8) a Estratégia de Empreendedorismo Feminino. A iniciativa inclui o programa “Brasil Pra Elas”, que investe em mais crédito dos bancos federais para as mulheres e na educação empreendedora. O projeto engloba consultorias, como a capacitação e qualificação, da rede nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).Para implementar o programa, foram mobilizadas as áreas ligadas aos temas das mulheres e do empreendedorismo. Participam da iniciativa os ministérios da Economia; da Mulher, da Família dos Direitos Humanos; e da Cidadania, além do Sebrae e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco da Amazônia (Basa) vão oferecer linhas de crédito especiais para micro e pequenas empresas. Além disso, haverá apoio de educação empreendedora do Sebrae para mulheres que começam a empreender ou desejam incrementar seus negócios próprios. O Banco do Nordeste (BNB) e o Basa atuarão no segmento de microcrédito.Para estimular mais empréstimos, serão utilizados os recursos do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), que dará garantia de 80% do valor emprestado, ofertando crédito assistido para empresas que possuam mulheres no seu quadro societário, buscando alcançar 100% desses empreendimentos.O programa conta com três eixos principais de atuação: o desenvolvimento de mecanismos e do ambiente de negócios, educação empreendedora e transformação social.A estratégia tem como objetivos ampliar o acesso à informação, ao crédito e às novas tecnologias; fomentar o desenvolvimento de competências técnicas e de gestão, além de questões socioemocionais e relacionais, e apoiar as mulheres que são beneficiárias de programas sociais, como o Auxílio Brasil. Ler artigo completo -
Participação de mulheres no mercado de trabalho é 20% inferior à dos homens
08 de mar de 2022 / em Business / por AdministradorSegundo a FGV, 51,56% das mulheres estavam empregadas em 2021; entre os homens, o índice é de 71,64%. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, apontou que, desde 2012, a taxa de desemprego das mulheres é superior à dos homens.De acordo com o levantamento, o índice de desempregadas era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5 milhões de mulheres. No total, o índice médio anual de desemprego na economia foi de 13,20% em 2021, de acordo com o levantamento. O estudo foi feito com base em análise de dados da PNAD de 2021, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, entre os anos de 2014 e 2019, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho cresceu continuamente e atingiu 54,34% em 2019. Em 2020, com a pandemia, o índice recuou para 49,45% e ficou inferior ao início da série histórica, em 2012, que registrou 51,58%. Em 2021, houve uma leve melhora para 51,56%. Os números são, ao menos, 20% inferiores aos dos homens.Em 2012, eles tinham 74,51% de participação. Em 2020, esse índice era de 69,78% e aumentou para 71,64% em 2021.De acordo com a pesquisadora Janaina Feijó, o objetivo do estudo foi expor a disparidade de gênero que ocorre “a partir de fatos históricos” e que ainda persiste no mercado de trabalho.Ela também chamou atenção para os números mostrados durante a pandemia, que interrompeu o processo de melhoria da inserção feminina e fez com que a taxa recuasse para patamares equivalentes aos reportados em 2012.“Estamos em uma situação um pouco inferior a de dez anos atrás. Todos foram afetados com o isolamento social da pandemia, mas as mulheres foram muito mais”, explica.“Desde 2014, com a crise, a taxa de desemprego chegou aos dois dígitos, número que nunca tinha sido alcançado antes. Os indicadores só começaram a melhorar para as mulheres porque as taxas de desemprego dos homens aumentaram.”O estudo mostra que a taxa de desemprego por nível educacional é ainda mais alarmante. Em 2012, para as mulheres que tem o ensino médio completo, o número era de 10,97% e, dos homens, 6,34%. Em 2021, esse número saltou para 19,04% e 11,63%, respectivamente.Janaina explicou que o nível de escolaridade é um fator que contribui para que tenha diferença entre os gêneros no ambiente de trabalho.“As mulheres têm sido realocadas e, geralmente, vão para lugares que não ganham muito. A pandemia, inclusive, acelerou esse processo. As novas regras no ambiente de trabalho requerem mais qualificação de quem for empregado e a maior parte das mulheres não tem um nível de escolaridade tão alta como os homens”, ressalta.“Então eles acabam tendo mais atributos produtivos que a maior parte do mercado deseja.”A pesquisa também fez um ranking das profissões que têm salários mais altos e a porcentagem de homens e mulheres inseridos em cada uma delas. As mulheres se destacam apenas no primeiro lugar no ranking.Entre os médicos, elas representam 51,1% e o salário médio é de R$ 16.341. Em segundo lugar, vêm os diretores e gerentes gerais. Apenas 23% são mulheres. A média de salário é de R$ 15.968.Entre os oficiais das Forças Armadas, terceiro lugar no ranking, apenas 18,3% são do sexo feminino. A média de salário é de R$ 12.657. Entre os técnicos e controladores da navegação marítima e aeronáutica, décimo lugar no ranking, apenas 1,2% são mulheres. O salário médio é de R$ 9 mil.*Sob supervisão de Helena Vieira. Ler artigo completo -
Efeitos sociais e econômicos da pandemia ameaçam progresso da igualdade de gênero
02 de mar de 2022 / em Desigualdade / por AdministradorPesquisa aponta que mulheres tiveram taxas mais altas de perda de emprego, abandono escolar e relatos de aumento da violência. Mulheres sofreram impactos sociais e econômicos negativos em maior medida do que os homens, devido à pandemia de Covid-19. É o que revela um estudo publicado no periódico The Lancet nesta quarta-feira (2).A pesquisa aponta que as mulheres tiveram taxas mais altas de perda de emprego (26% das mulheres em comparação com 20% dos homens), abandono escolar (mulheres foram 1,21 vezes mais propensas a deixar o ensino) e aumento da violência com base na percepção de gênero (mulheres foram 1,23 vezes mais propensas a relatar um aumento do que os homens).Os dados consideram o período até setembro de 2021, como resultado indireto da pandemia de Covid-19.Pesquisas sobre crises econômicas e de saúde pública anteriores mostraram que os efeitos socioeconômicos sobre as mulheres geralmente persistem por um tempo maior. Os autores do estudo enfatizam a necessidade de intervenções com o objetivo de evitar recuos em direção à igualdade de gênero. A maioria dos estudos de disparidade de gênero disponíveis se concentrou nos impactos diretos na saúde causados pela pandemia. Os achados indicam que, em todo o mundo, os homens têm taxas mais altas de incidência, hospitalização e morte pela doença.No entanto, poucos estudos avaliaram como as desigualdades de gênero foram afetadas pelos efeitos indiretos da pandemia à saúde, questões sociais e econômicas de forma sistemática e detalhada.Neste estudo, os pesquisadores analisaram conjuntos de dados disponíveis publicamente de 193 países usando pesquisas realizadas de março de 2020 a setembro de 2021, que relataram questões de saúde e bem-estar durante a pandemia.As desigualdades de gênero foram analisadas em cinco categorias: preocupações econômicas e relacionadas ao trabalho, educação, segurança em casa e na comunidade, hesitação e aceitação de vacinas e serviços de saúde.“Este estudo fornece a primeira evidência global abrangente sobre disparidades de gênero para uma ampla gama de indicadores relacionados à saúde, sociais e econômicos durante a pandemia. As evidências sugerem que a Covid-19 tende a exacerbar as disparidades sociais e econômicas existentes, em vez de criar novas desigualdades”, diz a autora do estudo, Emmanuela Gakidou, em um comunicado.A pesquisadora defende ações imediatas para reverter as disparidades atuais e fechar as lacunas presentes antes mesmo do início da pandemia.“A sociedade está em um momento crucial em que o investimento no empoderamento de mulheres e meninas é extremamente necessário para garantir que o progresso em direção à igualdade de gênero não seja interrompido ou revertido por causa da pandemia de Covid-19. Não podemos deixar que as consequências sociais e econômicas da pandemia continuem na era pós-Covid”, disse.Taxas mais altas de desemprego entre as mulheresEm todas as regiões, as mulheres tiveram taxas mais altas de perda de emprego do que os homens desde o início da pandemia, embora essa tendência tenha diminuído ao longo do tempo.Em setembro de 2021, 26% das mulheres e 20% dos homens relataram perda de emprego durante a pandemia. A perda de renda também foi prevalente a nível global, sendo relatada por 58% dos entrevistados com taxas gerais semelhantes para homens e mulheres (embora as diferenças de gênero variassem entre as regiões).“Os impactos econômicos afetaram mais as mulheres do que os homens em alguns países, porque elas tendem a ser empregadas desproporcionalmente em setores mais atingidos pela Covid-19, como a indústria hoteleira ou como trabalhadoras domésticas”, diz Luisa Flor, da Universidade de Washington, coautora do estudo.“Grupos étnicos minoritários, imigrantes e mulheres em situação de pobreza provavelmente estão entre os mais gravemente afetados pela pandemia. Além disso, as normas sociais de gênero em muitos países atribuem responsabilidades domésticas e de cuidado aos filhos preferencialmente às mulheres e reduzem seu tempo e capacidade de se envolver em trabalho remunerado”, completa.Mulheres em todas as regiões estiveram mais propensas do que os homens a relatar a renúncia ao emprego remunerado para cuidar de outras pessoas. Neste caso, a disparidade foi aumentando ao longo do tempo – em março de 2020, a proporção entre mulheres e homens era de 1,8, mas em setembro de 2021 aumentou para quase 2,4.Mais da metade dos entrevistados relatou um aumento na carga de trabalho não remunerado, como trabalho doméstico e cuidar de outras pessoas durante a pandemia. Segundo o estudo, as mulheres foram significativamente mais propensas a relatar esses aumento de funções em todas as regiões, exceto no Norte da África e no Oriente Médio.As maiores diferenças de gênero foram observadas em países de alta renda, indicando que mulheres foram 1,10 vezes mais propensas a cuidar de outras pessoas, e na Europa Central e Oriental e na Ásia Central, onde as mulheres eram 1,22 vezes mais propensas a informar aumento no trabalho doméstico.EducaçãoO estudo apontou que as lacunas educacionais também aumentaram para mulheres e meninas. O levantamento realizado a partir de entrevista, geralmente com os pais, mostrou que, globalmente, 6% dos alunos abandonaram a escola durante a pandemia, sem incluir ausência devido ao fechamento da escola durante as restrições.A nível global, mulheres e meninas foram 1,21 vezes mais propensas a abandonar a escola do que homens e meninos. As maiores diferenças de gênero foram observadas na Europa Central e Oriental e na Ásia Central, onde quatro vezes mais mulheres do que homens abandonaram o ensino.Entre os alunos que continuaram os estudos online, apenas 50% dos entrevistados relataram ter acesso adequado às tecnologias de aprendizagem digital. No mundo, mulheres e meninas aprendizes tinham 1,11 vezes mais probabilidade de relatar um bom acesso do que os alunos do sexo masculino.ViolênciaNo geral, 54% das mulheres e 44% dos homens relataram que perceberam que a violência de gênero aumentou em sua comunidade durante a pandemia. As taxas mais altas foram relatadas por mulheres na América Latina e no Caribe (62%), países de alta renda (60%) e África Subsaariana (57%).Mulheres e homens foram igualmente propensos a relatar insegurança em casa (34% dos entrevistados, do sexo masculino e feminino) em resultados descritivos. No entanto, em níveis regionais, foram observadas lacunas mais amplas.“Embora haja várias indicações de que a Covid-19 tenha potencialmente exacerbado os níveis de violência de gênero e reduzido o acesso a redes de apoio para aqueles que sofrem violência, vale a pena enfatizar que os desafios para lidar com a violência de gênero e a prestação de serviços inadequada são muito anteriores à crise atual”, diz Luisa.Hesitação com vacina e acesso aos serviços de saúdeNo estudo, os pesquisadores não identificaram diferenças significativas na hesitação à vacina contra a Covid-19 relatada entre homens e mulheres em todo o mundo, embora existissem variações regionais, particularmente entre países de alta e baixa renda.Um padrão semelhante foi observado para os relatos de interrupções nos cuidados preventivos e barreiras de acesso aos medicamentos. Em ambos os casos, indivíduos residentes em áreas urbanas, idosos e com alto nível de escolaridade relataram menos barreiras impostas pela Covid-19.No geral, os impactos indiretos da pandemia variaram entre as diferentes regiões. A África Subsaariana destacou-se como a região com as diferenças mais pronunciadas em relação aos índices globais, sugerindo impactos desproporcionais.Nas regiões de alta renda, os efeitos menos nocivos da Covid-19 foram observados nas cinco categorias do estudo, com as percepções de aumento da violência de gênero sendo a exceção notável.Os autores reconhecem algumas limitações do estudo, como os dados disponíveis publicamente para vários aspectos de saúde e bem-estar. A cobertura geográfica foi maior no Norte da África e Oriente Médio e Sul da Ásia, e menor no Sudeste Asiático, Leste Asiático e Oceania. Além disso, as informações estavam mais prontamente disponíveis para os impactos relacionados ao trabalho e aos indicadores relacionados à vacina.Parte da coleta de dados contou com pesquisas de opinião por meio de aplicativos para smartphones e plataformas online, excluindo aqueles sem acesso à tecnologia. Devido à escassez de dados, os pesquisadores não conseguiram explorar mais a interseção de gênero e outras categorias conhecidas por serem desproporcionalmente impactadas pela pandemia, incluindo raça, status socioeconômico e de migração. Ler artigo completo -
Exclusão escolar no Brasil atinge mais as meninas, diz pesquisa do Fundo Malala
24 de fev de 2022 / em Desigualdade / por AdministradorÀ CNN, a doutora em educação e integrante do Malala Fund no Brasil, Cleo Manhas, disse que meninas assumiram mais responsabilidades no período da pandemia. Um estudo do Fundo Malala apontou que a taxa de exclusão escolar no Brasil aumentou de forma drástica desde o início da pandemia de Covid-19.Em entrevista à CNN, a doutora em educação e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Malala Fund no Brasil, Cleo Manhas, avaliou que a desigualdade se acentuou durante esse período. “Somos 11 ativistas de diferentes organizações que compõem o Malala Fund e constatamos que recaem maiores responsabilidades sobre as meninas”, afirmou. Entre elas, por exemplo, estão as atividades domésticas e mesmo fora de casa. “Aliado a isso, problemas de acesso à internet fizeram com que elas perdessem muitas aulas e acabaram desistindo da escola”.A especialista analisou que não há um plano de ação do Ministério da Educação “para busca ativa de quem não retornou às aulas”: “Temos uma realidade complicada e difícil de ser mapeada porque soubemos agora nos últimos dias que há falta de acesso aos dados do censo escolar”.Cleo defende a adoção de um plano de ação nacional e mais investimento em recursos orçamentários e de infraestrutura para as escolas, com o objetivo de minimizar os efeitos da pandemia.“A realidade das escolas públicas é de que são superlotadas e sem infraestrutura para receber alunos durante a pandemia e resolver questões aprofundadas”, disse. “O peso da responsabilidade recai de diferentes formas entre meninas e meninos, sobram funções de cuidado às meninas, como de irmãos menores, cuidar da casa, são elas as mais vulneráveis à gravidez na adolescência, recai com mais força sobre meninas e negras, nossas desigualdades se aprofundaram”, completou. Ler artigo completo
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