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Desigualdade

  • Efeitos sociais e econômicos da pandemia ameaçam progresso da igualdade de gênero

    02 de mar de 2022 / em Desigualdade / por Administrador
    Pesquisa aponta que mulheres tiveram taxas mais altas de perda de emprego, abandono escolar e relatos de aumento da violência. Mulheres sofreram impactos sociais e econômicos negativos em maior medida do que os homens, devido à pandemia de Covid-19. É o que revela um estudo publicado no periódico The Lancet nesta quarta-feira (2).A pesquisa aponta que as mulheres tiveram taxas mais altas de perda de emprego (26% das mulheres em comparação com 20% dos homens), abandono escolar (mulheres foram 1,21 vezes mais propensas a deixar o ensino) e aumento da violência com base na percepção de gênero (mulheres foram 1,23 vezes mais propensas a relatar um aumento do que os homens).Os dados consideram o período até setembro de 2021, como resultado indireto da pandemia de Covid-19.Pesquisas sobre crises econômicas e de saúde pública anteriores mostraram que os efeitos socioeconômicos sobre as mulheres geralmente persistem por um tempo maior. Os autores do estudo enfatizam a necessidade de intervenções com o objetivo de evitar recuos em direção à igualdade de gênero. A maioria dos estudos de disparidade de gênero disponíveis se concentrou nos impactos diretos na saúde causados pela pandemia. Os achados indicam que, em todo o mundo, os homens têm taxas mais altas de incidência, hospitalização e morte pela doença.No entanto, poucos estudos avaliaram como as desigualdades de gênero foram afetadas pelos efeitos indiretos da pandemia à saúde, questões sociais e econômicas de forma sistemática e detalhada.Neste estudo, os pesquisadores analisaram conjuntos de dados disponíveis publicamente de 193 países usando pesquisas realizadas de março de 2020 a setembro de 2021, que relataram questões de saúde e bem-estar durante a pandemia.As desigualdades de gênero foram analisadas em cinco categorias: preocupações econômicas e relacionadas ao trabalho, educação, segurança em casa e na comunidade, hesitação e aceitação de vacinas e serviços de saúde.“Este estudo fornece a primeira evidência global abrangente sobre disparidades de gênero para uma ampla gama de indicadores relacionados à saúde, sociais e econômicos durante a pandemia. As evidências sugerem que a Covid-19 tende a exacerbar as disparidades sociais e econômicas existentes, em vez de criar novas desigualdades”, diz a autora do estudo, Emmanuela Gakidou, em um comunicado.A pesquisadora defende ações imediatas para reverter as disparidades atuais e fechar as lacunas presentes antes mesmo do início da pandemia.“A sociedade está em um momento crucial em que o investimento no empoderamento de mulheres e meninas é extremamente necessário para garantir que o progresso em direção à igualdade de gênero não seja interrompido ou revertido por causa da pandemia de Covid-19. Não podemos deixar que as consequências sociais e econômicas da pandemia continuem na era pós-Covid”, disse.Taxas mais altas de desemprego entre as mulheresEm todas as regiões, as mulheres tiveram taxas mais altas de perda de emprego do que os homens desde o início da pandemia, embora essa tendência tenha diminuído ao longo do tempo.Em setembro de 2021, 26% das mulheres e 20% dos homens relataram perda de emprego durante a pandemia. A perda de renda também foi prevalente a nível global, sendo relatada por 58% dos entrevistados com taxas gerais semelhantes para homens e mulheres (embora as diferenças de gênero variassem entre as regiões).“Os impactos econômicos afetaram mais as mulheres do que os homens em alguns países, porque elas tendem a ser empregadas desproporcionalmente em setores mais atingidos pela Covid-19, como a indústria hoteleira ou como trabalhadoras domésticas”, diz Luisa Flor, da Universidade de Washington, coautora do estudo.“Grupos étnicos minoritários, imigrantes e mulheres em situação de pobreza provavelmente estão entre os mais gravemente afetados pela pandemia. Além disso, as normas sociais de gênero em muitos países atribuem responsabilidades domésticas e de cuidado aos filhos preferencialmente às mulheres e reduzem seu tempo e capacidade de se envolver em trabalho remunerado”, completa.Mulheres em todas as regiões estiveram mais propensas do que os homens a relatar a renúncia ao emprego remunerado para cuidar de outras pessoas. Neste caso, a disparidade foi aumentando ao longo do tempo – em março de 2020, a proporção entre mulheres e homens era de 1,8, mas em setembro de 2021 aumentou para quase 2,4.Mais da metade dos entrevistados relatou um aumento na carga de trabalho não remunerado, como trabalho doméstico e cuidar de outras pessoas durante a pandemia. Segundo o estudo, as mulheres foram significativamente mais propensas a relatar esses aumento de funções em todas as regiões, exceto no Norte da África e no Oriente Médio.As maiores diferenças de gênero foram observadas em países de alta renda, indicando que mulheres foram 1,10 vezes mais propensas a cuidar de outras pessoas, e na Europa Central e Oriental e na Ásia Central, onde as mulheres eram 1,22 vezes mais propensas a informar aumento no trabalho doméstico.EducaçãoO estudo apontou que as lacunas educacionais também aumentaram para mulheres e meninas. O levantamento realizado a partir de entrevista, geralmente com os pais, mostrou que, globalmente, 6% dos alunos abandonaram a escola durante a pandemia, sem incluir ausência devido ao fechamento da escola durante as restrições.A nível global, mulheres e meninas foram 1,21 vezes mais propensas a abandonar a escola do que homens e meninos. As maiores diferenças de gênero foram observadas na Europa Central e Oriental e na Ásia Central, onde quatro vezes mais mulheres do que homens abandonaram o ensino.Entre os alunos que continuaram os estudos online, apenas 50% dos entrevistados relataram ter acesso adequado às tecnologias de aprendizagem digital. No mundo, mulheres e meninas aprendizes tinham 1,11 vezes mais probabilidade de relatar um bom acesso do que os alunos do sexo masculino.ViolênciaNo geral, 54% das mulheres e 44% dos homens relataram que perceberam que a violência de gênero aumentou em sua comunidade durante a pandemia. As taxas mais altas foram relatadas por mulheres na América Latina e no Caribe (62%), países de alta renda (60%) e África Subsaariana (57%).Mulheres e homens foram igualmente propensos a relatar insegurança em casa (34% dos entrevistados, do sexo masculino e feminino) em resultados descritivos. No entanto, em níveis regionais, foram observadas lacunas mais amplas.“Embora haja várias indicações de que a Covid-19 tenha potencialmente exacerbado os níveis de violência de gênero e reduzido o acesso a redes de apoio para aqueles que sofrem violência, vale a pena enfatizar que os desafios para lidar com a violência de gênero e a prestação de serviços inadequada são muito anteriores à crise atual”, diz Luisa.Hesitação com vacina e acesso aos serviços de saúdeNo estudo, os pesquisadores não identificaram diferenças significativas na hesitação à vacina contra a Covid-19 relatada entre homens e mulheres em todo o mundo, embora existissem variações regionais, particularmente entre países de alta e baixa renda.Um padrão semelhante foi observado para os relatos de interrupções nos cuidados preventivos e barreiras de acesso aos medicamentos. Em ambos os casos, indivíduos residentes em áreas urbanas, idosos e com alto nível de escolaridade relataram menos barreiras impostas pela Covid-19.No geral, os impactos indiretos da pandemia variaram entre as diferentes regiões. A África Subsaariana destacou-se como a região com as diferenças mais pronunciadas em relação aos índices globais, sugerindo impactos desproporcionais.Nas regiões de alta renda, os efeitos menos nocivos da Covid-19 foram observados nas cinco categorias do estudo, com as percepções de aumento da violência de gênero sendo a exceção notável.Os autores reconhecem algumas limitações do estudo, como os dados disponíveis publicamente para vários aspectos de saúde e bem-estar. A cobertura geográfica foi maior no Norte da África e Oriente Médio e Sul da Ásia, e menor no Sudeste Asiático, Leste Asiático e Oceania. Além disso, as informações estavam mais prontamente disponíveis para os impactos relacionados ao trabalho e aos indicadores relacionados à vacina.Parte da coleta de dados contou com pesquisas de opinião por meio de aplicativos para smartphones e plataformas online, excluindo aqueles sem acesso à tecnologia. Devido à escassez de dados, os pesquisadores não conseguiram explorar mais a interseção de gênero e outras categorias conhecidas por serem desproporcionalmente impactadas pela pandemia, incluindo raça, status socioeconômico e de migração. Ler artigo completo
  • Exclusão escolar no Brasil atinge mais as meninas, diz pesquisa do Fundo Malala

    24 de fev de 2022 / em Desigualdade / por Administrador
    À CNN, a doutora em educação e integrante do Malala Fund no Brasil, Cleo Manhas, disse que meninas assumiram mais responsabilidades no período da pandemia. Um estudo do Fundo Malala apontou que a taxa de exclusão escolar no Brasil aumentou de forma drástica desde o início da pandemia de Covid-19.Em entrevista à CNN, a doutora em educação e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Malala Fund no Brasil, Cleo Manhas, avaliou que a desigualdade se acentuou durante esse período. “Somos 11 ativistas de diferentes organizações que compõem o Malala Fund e constatamos que recaem maiores responsabilidades sobre as meninas”, afirmou. Entre elas, por exemplo, estão as atividades domésticas e mesmo fora de casa. “Aliado a isso, problemas de acesso à internet fizeram com que elas perdessem muitas aulas e acabaram desistindo da escola”.A especialista analisou que não há um plano de ação do Ministério da Educação “para busca ativa de quem não retornou às aulas”: “Temos uma realidade complicada e difícil de ser mapeada porque soubemos agora nos últimos dias que há falta de acesso aos dados do censo escolar”.Cleo defende a adoção de um plano de ação nacional e mais investimento em recursos orçamentários e de infraestrutura para as escolas, com o objetivo de minimizar os efeitos da pandemia.“A realidade das escolas públicas é de que são superlotadas e sem infraestrutura para receber alunos durante a pandemia e resolver questões aprofundadas”, disse. “O peso da responsabilidade recai de diferentes formas entre meninas e meninos, sobram funções de cuidado às meninas, como de irmãos menores, cuidar da casa, são elas as mais vulneráveis à gravidez na adolescência, recai com mais força sobre meninas e negras, nossas desigualdades se aprofundaram”, completou. Ler artigo completo

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