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  • Dose única contra HPV protege significativamente contra câncer do colo do útero, diz OMS

    11 de abr de 2022 / em Temas Gerais / por Administrador
    Novas recomendações do grupo de trabalho da OMS têm como base preocupações com baixa cobertura vacinal no mundo. A dose única da vacina contra o HPV oferece proteção robusta contra o vírus que causa o câncer de colo do útero. A proteção se mostrou comparável aos esquemas de duas ou três doses do imunizante. Os dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (11). Os achados são fruto de uma reunião do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE, na sigla em inglês), realizada entre os dias 4 e 7 de abril.Segundo a OMS, a descoberta pode ser um divisor de águas para a prevenção da doença, uma vez que a dose única poderia ser aplicada em um número maior de mulheres. A OMS afirma que o câncer do colo do útero é altamente evitável, sendo uma doença de desigualdade de acesso.A nova recomendação do grupo de trabalho da OMS tem como base preocupações com a lenta introdução da vacina contra o HPV nos programas de imunização e baixa cobertura geral da população, especialmente em países mais pobres. Mais de 95% dos casos do câncer do colo do útero são causados pelo HPV, vírus transmitido sexualmente. A doença é o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres em todo o mundo, com 90% dessas mulheres vivendo em países de baixa e média renda.“A vacina contra o HPV é altamente eficaz para a prevenção dos sorotipos 16 e 18 do HPV, que causam 70% dos casos de câncer do colo do útero”, disse Alejandro Cravioto, presidente da SAGE em comunicado.O grupo de trabalho recomenda que os países introduzam as vacinas contra o HPV nos sistemas de saúde e priorizem a recuperação de meninas e mulheres que ainda não foram imunizadas. Segundo a OMS, as orientações poderão contribuir para aumentar a cobertura vacinal e, consequentemente, evitar o desenvolvimento desse tipo de câncer.Orientações da OMSA OMS recomenda a atualização dos esquemas de dose para HPV da seguinte formaEsquema de uma ou duas doses para o alvo primário de meninas de 9 a 14 anosEsquema de uma ou duas doses para mulheres de 15 a 20 anosDuas doses com intervalo de seis meses para mulheres com mais de 21 anosDe acordo com a OMS, pessoas imunocomprometidas, incluindo aquelas com HIV, devem receber três doses, quando possível, ou no mínimo duas doses, uma vez que as evidências sobre a eficácia de uma dose única neste grupo ainda são limitadas.“Acredito firmemente que a eliminação do câncer do colo do útero é possível. Em 2020, a Iniciativa de Eliminação do Câncer Cervical foi lançada para enfrentar vários desafios, incluindo a desigualdade no acesso a vacinas. Essa recomendação de dose única tem o potencial de nos levar mais rápido ao nosso objetivo de ter 90% das meninas vacinadas aos 15 anos até 2030”, comentou a Diretora-Geral Adjunta da OMS, Princess Nothemba (Nono) Simelela.Cobertura vacinalGlobalmente, a aceitação da vacina tem sido lenta e a cobertura nos países muito inferior à meta de 90%. Em 2020 a cobertura global com duas doses foi de apenas 13%.Segundo a OMS, vários fatores influenciaram este cenário, incluindo desafios de fornecimento, de planejamento e custos relacionados à entrega do esquema de duas doses para mulheres mais velhas que normalmente não fazem parte dos programas de vacinação infantil. Além disso, pesa o custo relativamente alto das vacinas contra o HPV, principalmente para países de renda média.“Precisamos de compromisso político complementado com caminhos equitativos para o acesso à vacina contra o HPV. Não fazer isso é uma injustiça para a geração de meninas e mulheres jovens que podem estar em risco de câncer do colo do útero”, completa Princess.A opção por um esquema de dose única da vacina é menos dispendiosa, consome menos recursos e é mais fácil de administrar. Além disso, facilita a implementação de campanhas de recuperação para várias faixas etárias, reduz os desafios ligados ao rastreamento de meninas para a segunda dose e permite que os recursos financeiros e humanos sejam redirecionados para outras prioridades de saúde. Ler artigo completo
  • Estudo: divulgação não autorizada de imagens íntimas impacta saúde mental de mulheres

    19 de mar de 2022 / em Temas Gerais / por Administrador
    Pesquisa conduzida por especialistas da Fiocruz Minas aponta que mulheres sofrem danos como depressão, fobias, transtorno alimentar e dificuldades de se relacionar socialmente. A divulgação de imagens íntimas sem autorização afeta a saúde mental de mulheres em todo o mundo. No Brasil, divulgar cena de sexo, nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima é crime previsto no Código de Processo Penal.Uma pesquisa conduzida por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas) aponta que mulheres que tiveram imagens íntimas divulgadas sem autorização sofrem impactos como automutilação, depressão, fobias, ideações e tentativas de suicídio, transtorno alimentar, alcoolismo, dificuldades de se relacionar socialmente e problemas de autoestima.A análise realizada pelo Grupo de Violência, Gênero e Saúde da Fiocruz Minas avaliou os danos à saúde das mulheres que sofreram esse tipo de violência e como se dão os cuidados em saúde necessários nessas situações. O estudo é fruto da tese de doutorado de Laís Barbosa Patrocínio, sob orientação da pesquisadora Paula Bevilacqua. Para a análise, as pesquisadoras fizeram entrevistas com 17 mulheres, com idades entre 18 e 62 anos, que tiveram imagens divulgadas sem autorização e com dez profissionais de saúde e de assistência social que prestaram atendimento. Entre as vítimas de situação de violência, o intervalo de idade foi de 17 a 50 anos.O estudo abrange 18 cidades de seis estados brasileiros, sendo capitais, cidades litorâneas, do interior e região metropolitana, de pequeno, médio e grande portes. Os depoimentos foram obtidos durante o segundo semestre de 2020.“A pesquisa coincidiu com o primeiro ano da pandemia, o que trouxe vários complicadores. Foi preciso fazer todas as entrevistas por vídeo, por meio de plataforma digital. O lado positivo disso foi a possibilidade de conseguir uma diversidade territorial, com participantes de várias localidades, e também de classe e étnico-racial”, explica Laís, em comunicado.As mulheres vítimas da violência narraram como foram produzidas e divulgadas as imagens íntimas, a forma como o episódio impactou suas vidas e se buscaram apoio. As profissionais da saúde e da assistência social relataram os casos atendidos, os cuidados oferecidos e os desafios na atenção a essa situação de violência.Diferentes tipos de exposiçãoDe acordo com a pesquisa, a forma como as mulheres são expostas varia. Foram identificadas diferentes possibilidades nos processos de produção, obtenção e divulgação das imagens. Enquanto algumas mulheres produziram o conteúdo, outras foram registradas sem o conhecimento.Em relação à exposição, a pesquisa aponta que as motivações envolvem afirmação da masculinidade do homem que comete o crime, controle e condenação da sexualidade das mulheres, além de vingança, comercialização e extorsão.Em outros casos, as imagens não se referem à sexualidade das mulheres. Algumas foram expostas em momentos sob efeito de álcool ou em brigas com parceiro. “Isso revela uma vigilância não apenas da sexualidade feminina, mas também de outros comportamentos. A exposição é também de momentos de descontrole da pessoa, demonstrando uma necessidade de manter o comportamento feminino sob controle o tempo todo”, diz a pesquisadora.Danos para a saúde mentalOs impactos da exposição para a saúde mental das mulheres são diversos. Segundo o estudo, os danos incluem abalos na autoestima, tentativas de tirar a própria vida, além de agravos para fragilidades já existentes.“É o caso de distúrbios alimentares e estados depressivos; quem já tinha predisposições desenvolveu. Outra consequência importante é o sentimento de culpa, relatado tanto pelas vítimas como pelos profissionais. É uma culpabilização externa que acaba virando interna e vai minando a autoestima”, afirma Laís.Segundo a especialista, o sentimento de culpa faz com que muitas mulheres deixem de procurar ajuda. “Além disso, o dano se dá sobretudo nas relações. Muitas das entrevistadas relataram que o que mais machuca não é a vergonha da exposição, mas o fato de não serem apoiadas por familiares e amigos”, diz.Entre os desafios no atendimento de vítimas da exposição íntima, a pesquisa identificou dificuldades de sintonia entre as instituições, ausência de conforto e privacidade na recepção e no atendimento e a necessidade de relatar o ocorrido a vários profissionais, além de julgamentos na assistência policial.A pesquisa também verificou como o tema tem sido tratado no contexto acadêmico a partir de uma revisão bibliográfica. Os achados apontam que há uma abordagem conservadora até mesmo nos artigos científicos.“Apenas 15% dos artigos sobre o vazamento de imagens íntimas classificam a situação como violência de gênero. Então, nosso estudo pretende a chamar a atenção também da própria academia para refletir sobre essa abordagem”, ressalta Laís. Ler artigo completo
  • Violência de gênero contra jornalistas soma 119 casos em 2021, diz estudo

    09 de mar de 2022 / em Temas Gerais / por Administrador
    Daniela Lima, âncora da CNN, é citada como a mais agredida; ataques são em sua maioria digitais e iniciados por autoridades do governo. Em 2021, foram registrados 119 ataques contra mulheres jornalistas e ataques de gênero envolvendo profissionais da imprensa. Na média, ocorreu um ataque do tipo a cada três dias.Os dados são do relatório “Violência de gênero contra jornalistas”, produzido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio do Global Media Defense Fund da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre as jornalistas agredidas, o levantamento aponta que a âncora da CNN Daniela Lima foi a mais atingida.“Em apenas um ano, ela foi alvo de 8 ataques diferentes, relacionados a temas de política, segurança pública e economia e emprego. Em um único caso, Lima foi alvo de cinco agressores diferentes”, mostra o estudo. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, traz registros de ataques públicos contra “mulheres, cis e transgênero, meios de comunicação voltados para pautas feministas e agressões com características sexistas, homofóbicas, transfóbicas ou misóginas, classificadas como “ataques de gênero” e que podem vitimar homens e mulheres (cis ou trans) e pessoas não-binárias”.Entre os 119 casos, 38% foram classificados como ataques de gênero. Os alvos principais: a moral e reputação de jornalistas mulheres (32 casos) e ataques homofóbicos (8) e transfóbicos (1).Os dados revelam ainda dois casos de violência física contra mulheres jornalistas e dois ataques online motivados por cobertura jornalística relacionada a gênero.Além de Daniela Lima, o levantamento lista outras jornalistas brasileiras agredidas: Juliana Dal Piva, Mônica Bergamo, Patricia Campos Mello, Amanda Klein e Vera Magalhães.As agressões e os agressoresA pesquisa da Abraji revela ainda que, em 18% dos 119 casos, as vítimas foram atacadas por seu histórico profissional, por suas conexões (pessoais ou profissionais) ou por aquilo que representam para o jornalismo brasileiro, independentemente do tema das reportagens e da cobertura.Mas a maioria dos ataques (60%) foi motivada pela temática da cobertura jornalística, de política, e 52% dos agressores identificáveis foram agentes do Estado.No caso da cobertura sobre saúde, em 80% dos casos das agressões, de acordo com o relatório, “a hostilidade contra as jornalistas e comunicadores foi, sobretudo, inflamada por opositores das medidas de distanciamento social e controle da pandemia, pessoas antivacina e grupos que acusam a imprensa brasileira de conspirar contra o governo de Jair Bolsonaro”.Pesquisa: em 2021, foram registrados 119 ataques contra mulheres jornalistas ou ataques de gênero / Abraji/Voces del SurSegundo a pesquisa, 69% dos episódios de violência com mais de um agressor foram iniciados por autoridades do governo e funcionários vinculados aos poderes do Estado.“Em 52% dos casos com múltiplos agressores, constatou-se uma tendência de vinculação entre essas autoridades e redes de trolls na internet. Nesses casos, autoridades públicas iniciaram os ataques e redes organizadas ou semi-organizadas de usuários os amplificaram, reproduzindo os mesmos conteúdos ou muitas vezes os mesmos termos, gerando um efeito de empilhamento de mensagens abusivas”, diz trecho do relatório.O estudo detalha ainda que, em 68% dos 119 casos registrados, as agressões se originaram no meio digital. A maioria desses casos (93%) foi de ataques verbais para difamar e desacreditar a vítima, além de ameaças e restrições na internet.Os pesquisadores construíram uma nuvem de palavras com algumas das ofensas mais comuns: “vagabunda”, “puta”, “feia”, “velha”, “biscate”, “queima rosca” e “viado” foram alguns desses termos.Outras palavras que apareceram foram “loucas”, “mentirosas”, “fofoqueiras” e, com uma conotação mais ideológica, “militantes”, “jornazistas”, “comunistas” e “esquerdistas”.Nuvem de palavras mostra as principais ofensas direcionadas às jornalistas mulheres, segundo pesquisa / Abraji/Voces del SurAtaques pelas redes sociaisA metodologia do levantamento combina diferentes técnicas de coletas de dados por redes sociais e veículos de comunicação, além de transcrições de vídeos do Youtube.Entre as plataformas analisadas, o Twitter foi a plataforma digital mais usada para ataques contra jornalistas (66), seguido por Instagram, Facebook, YouTube e WhatsApp.SubnotificaçõesA Abraji monitora ataques a jornalistas no Brasil desde 2013 e alerta para o crescimento desses abusos ao longo dos anos. Entre 2020 e 2021, a associação registrou um aumento de 24,3% nos alertas de violações à liberdade de imprensa.A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo considera ainda que um dos principais desafios para esse tipo de levantamento é a subnotificação de casos, “provocada pelo estigma que pode acompanhar o ato de denunciar uma agressão”.Além da Abraji, o levantamento foi produzido em parceria com a rede Voces del Sur e conta com apoio do Instituto Patrícia Galvão; da associação Mulheres Jornalistas; da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), da empresa social Gênero e Número; do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e do Repórteres sem Fronteiras. Ler artigo completo
  • 90 anos do voto feminino no Brasil: das pioneiras à alta desigualdade na política

    22 de abr de 2022 / em Temas Gerais / por Administrador
    Código Eleitoral garantiu o voto das mulheres em 1932, mas brasileiras ainda sofrem com a exclusão na política. O dia 24 de fevereiro de 1932 foi bastante comemorado no Rio Grande do Norte. Não de maneira apoteótica, como o carnaval de rua sugere ou a Festa de São João induz, mas sim de forma contida: com pequenas reuniões em jardins, regadas a chás e quitutes.As celebrações marcavam a sanção do primeiro Código Eleitoral (Decreto nº 21.076), que garantiu oficialmente às mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas no Brasil. A conquista foi celebrada em todo o país, mas como o estado nordestino foi pioneiro na conquista o chá estava mais doce por lá.Tanto a primeira eleitora brasileira (a professora Celina Guimarães votou pela primeira em 1927), como a primeira política eleita (a prefeita de Lajes, Alzira Soriano, que assumiu o cargo em 1929) são naturais do Rio Grande do Norte.Também pudera: Celina e Alzira entraram para a história graças à Lei Estadual nº 660, de 25 de outubro de 1927, que tornava o Rio Grande do Norte o primeiro estado a estabelecer a não distinção de sexo para o exercício do voto.As potiguares estamparam jornais do mundo todo por serem pioneiras no Brasil e estarem entre as pioneiras da América Latina. Até hoje a presença das mulheres na política brasileira ganha espaço na mídia internacional, mas, 90 anos depois, os destaques são bastante diferentes. Os índices ruins do BrasilDe acordo com dados do Inter-Parliamentary Union, organização que reúne os parlamentos dos países ligados à ONU, o Brasil está na 142ª posição no ranking de participação de mulheres no congresso nacional. De todas as Américas (38 países e 18 dependências), o Brasil supera apenas o Paraguai (144ª), Bahamas (151ª) e Belize (154ª).Trocando em miúdos, o Brasil perde para países economicamente mais pobres (como Honduras, Colômbia e Equador, segundo índice do Banco Central), com índices educacionais mais baixos (como Argentina e Peru, segundo o PISA) e até para uma democracia mais fragilizada, como é o caso da Venezuela.“Se toda uma área está evoluindo para um mesmo caminho, podemos dizer, com clareza, que há uma sensibilidade e compreensão de um problema. Mais mulheres em espaços de poder significa mais democracia, mais democracia significa mais justiça social”, afirma Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais.Dados do Atenea, estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com a ONU Mulheres, divulgados em 2020, ilustram a fala da professora.Além de considerar a presença de mulheres na cena política, o levantamento analisou oito tópicos como “grau de participação das mulheres no sufrágio”, “existência de estruturas voltadas à igualdade de gênero nos partidos e sua atuação como instância decisória” e “poder legislativo” em 11 países da América Latina.A métrica utilizada foi o Índice de Paridade Política (IPP) que conta com uma escala de 0 a 100 pontos. A maior nota dada para o Brasil foi 80 no quesito “exercício do direito ao sufrágio”, e a menor nota foi 13,3 pontos no item “cotas e paridades”. O Brasil amarga a nona posição.As mulheres no Brasil não sofrem de uma baixa representação, mas sim uma exclusão na política. Enquanto a maioria dos países está discutindo equidade de gênero, nós ainda estamos lutando para execução de cotasMarlise Matos, professora da UFMGSegundo a acadêmica, que estuda o tema de gênero na América Latina há mais de 20 anos, o maior problema para a falta de candidaturas femininas é a estrutura dos partidos.“O partido político é o gatekeeper, ou seja, quem define as candidaturas. E quem preside os partidos? Homens brancos. É muito comum ouvir de dirigentes ‘eu reservei a cota, mas as mulheres não vêm’. Isso é jogo cênico. Há falta de apoio nos partidos, que vão desde atraso no repasse de financiamento para campanha até silenciamento de candidatas”, diz.A chance de escrever o futuroEnquanto aqui a discussão de cotas e a representação mínima de mulheres na política engatinha, no Chile o tema ensaia dar saltos.Em outubro do ano passado, 78% dos chilenos foram às urnas votar “sim” no plebiscito que perguntava sobre a necessidade de uma nova Constituição que substituiria a Carta Constitucional escrita por militares em 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet.Dentre as mudanças propostas, estavam também alterações no processo de escrita. A convenção, caso o “sim” ganhasse, teria de assegurar paridade de gênero dentre as 155 pessoas eleitas pela sociedade para redigir o documento.Mulher em Santiago vota na eleição para presidente do Chile em 2021 / Marcelo Hernandez/Getty ImagesA pessoa eleita para presidir a convenção foi a líder mapuche Elisa Loncon, seguida pelo ex-deputado Harry Jürgensen e, em terceiro, Patricia Politzer.“O primeiro produto que sairá dessa nova constituição virá da sociedade civil, das organizações sociais e populares. Ter um quórum misto permite que mais pessoas e mais grupos sejam ouvidos”, explica Alondra Carrillo, porta-voz da constituinte feminista e do movimento 8M.“Nosso desejo e nossa missão é que este seja um documento mais democrático, que impeça que o poder continue nas mãos de líderes de pequenos setores que lutam por seus interesses pessoais.”Embora o Chile tenha passado por uma efervescência social e política nos últimos anos, a ativista defende que ainda há muitos outros campos na política que precisam de paridade de gênero. Atualmente, dos 155 deputados, apenas 35 são mulheres. No Senado, as mulheres ocupam somente dez das 43 cadeiras.Há conquistas, mas também há violênciaDesde a época da independência da Bolívia, as mulheres são destaques nas lutas sociais, o que se reflete na política: metade do parlamento é composta por mulheres, enquanto no Senado, as mulheres são maioria, com 20 das 30 cadeiras.Na economia os índices de gênero tentam acompanhar a política. Das dez famílias mais ricas, três são chefiadas por mulheres, mas em praticamente todas há participações de mulheres em cargos empresariais importantes. Seria este o cenário ideal para a paridade de gênero?“Definitivamente não”, responde a historiadora boliviana Sayuri Loza.“Apesar da grande quantidade de mulheres em cargos eleitos, há pouquíssimas leis que nos favorecem ou garantem nossos direitos. Também não existem mulheres em cargos estratégicos, como presidente dos partidos. Isso faz com que haja uma ‘saudação à bandeira’ [termo boliviano que pode ser comparado ao ‘voto de cabresto’] com o que o partido decidir. Não são raras as vezes que os partidos decidem algo que vai contra os direitos das mulheres. E se elas vão contra esse sistema, são aniquiladas.”O termo, neste caso, pode ser usado tanto simbolicamente como na prática. A violência física contra mulheres políticas na Bolívia, de fato, é alarmante.Há dezenas de exemplos recentes, mas um caso específico ganhou o noticiário internacional em 2019, o de Patricia Arce. A prefeita de Vinto foi sequestrada e obrigada a andar descalça por quilômetros banhada por uma tinta vermelha, após ser agredida por um movimento extremista.A médica e pedagoga Carlota Pereira de Queiroz tornou-se, na década de 1930, a primeira deputada federal eleita na história do Brasil / Estadão Conteúdo (9/12/1963)“A Bolívia está passando por um período de violência que é promovido pelos próprios partidos políticos e grupos sociais extremistas. Essa dicotomia de “nós” versus “eles” é benéfica para o jogo político, não para a sociedade”, diz Sayuri Loza, filha de Remedios Loza, a primeira “mujer de pollera” (mestiças que usam trajes tradicionais) a presidir a Câmara de Deputados na Bolívia.“Com a mulher isso se torna ainda mais violento porque ela é um alvo muito mais fácil: pode difamar a vida sexual, seu corpo, sua família. A mulher sempre está mais vulnerável.”Mas como na política nada é eterno, é possível encontrar uma saída para aumentar a participação efetiva de mulheres na política — mesmo que seja fora dos moldes tradicionais.“Esse desprestígio para com a classe política está fazendo com que nasça uma nova política. Não em termos de partido, mas que envolva redes sociais. Influenciadores são a nova política”, diz Sayuri comparando como exemplos a ativista Maria Galindo e a deputada Estefania Morales. “Galindo tem muito mais acesso [à cúpula da política], mais abertura do que Estefania. É nítido”.Seria a internet um território neutro na questão de gênero? “Nas redes sociais, sim. A imagem feminina vende mais que a masculina. Só nos resta entender como usar”, conclui a historiadora e artesã, como gosta de enfatizar para registrar sua herança ‘chola’. Ler artigo completo
  • Prevenção ao câncer de útero é negligenciada por 70% das brasileiras, diz fundação

    03 de fev de 2022 / em Temas Gerais / por Administrador
    Apesar dos baixos índices de prevenção, os exames são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).Sete em cada dez brasileiras negligenciam as práticas necessárias para a prevenção contra o câncer do colo do útero. É o que aponta um levantamento inédito feito pela Fundação do Câncer, divulgado nesta quinta-feira (3), coordenado pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC).A doença é responsável pela morte de mais de seis mil mulheres por ano no Brasil. No mundo, anualmente, são 331 mil vítimas. O Dia Mundial do Câncer é celebrado nesta sexta-feira (4). A análise da fundação mostra que 45% das entrevistadas no Brasil achavam “desnecessário” o teste para a detecção de HPV, maior causador do câncer de útero. Outras 15% falam que “não foram orientadas” sobre os procedimentos, enquanto 13% relataram sentir vergonha de realizar o exame. Ao todo, foram ouvidas 54.617 mulheres, entre 14 e 83 anos.“Nós trabalhamos com três etapas em relação aos procedimentos preventivos do câncer. O primeiro é o conhecimento. As pessoas precisam conhecer os tratamentos necessários. Em segundo lugar, essa população precisa entender que as práticas são importantes para a saúde. Por fim, as mulheres precisam fazer os exames necessários”, disse a médica da Fundação do Câncer, Flávia de Miranda Correia, à CNN.Os exames preventivos contra o câncer de útero e a vacinação contra HPV são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar disso, somente 57% das meninas brasileiras estão totalmente imunizadas. Para o diretor-executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, o resultado está diretamente ligado à desinformação.“É algo inaceitável, já que a vacina e o exame preventivo, que ajudam a evitar a doença, estão disponíveis gratuitamente no SUS. Isso mostra uma desigualdade extrema e injusta, que está ligada à desinformação no país. Nossa ideia com esse levantamento é mostrar que políticas preventivas podem mitigar o cenário de adoecimento e morte, especialmente quando já existem alternativas eficazes para prevenção”, afirma Maltoni. Ler artigo completo
  • Mulheres estão entre mais afetadas pela pandemia, aponta Cruz Vermelha

    23 de nov de 2021 / em Temas Gerais / por Administrador
    À CNN Rádio, Teresa Gonçalves, pesquisadora da Federação Internacional da Cruz Vermelha, explicou a pesquisa que analisou impactos socioeconômicos da Covid-19Uma pesquisa da Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC) mostrou quais os impactos socioeconômicos da pandemia da Covid-19 em diferentes camadas da população.Segundo o levantamento, as mulheres, pessoas em áreas urbanas e aquelas em movimento foram as principais afetadas.Em entrevista à CNN Rádio, a pesquisadora da Federação Internacional da Cruz Vermelha e uma das responsáveis pelo estudo, Teresa Gonçalves, explicou que o objetivo era entender “os impactos secundários da pandemia, além dos sistemas de saúde.”“Meninas enfrentaram impactos desproporcionais em todas as frentes, com aumento de casamento infantil, assumiram cargo adicional para cuidar de familiares, perderam empregos, ficaram expostas ao vírus e encontramos aumento da violência contra as mulheres”, elencou.“Não é surpresa que mulheres enfrentaram mais do que homens”, completou. A nova pesquisa busca visão global, com foco em dez países: Afeganistão, Colômbia, El Salvador, Iraque, Quênia, Líbano, Filipinas, Espanha, África do Sul e Turquia.Entre os efeitos da crise apontados pelo estudo, estão o aumento do desemprego e da pobreza; aumento da insegurança alimentar; maior vulnerabilidade à violência; e uma perda de educação e oportunidades reduzidas para as crianças.Segundo Teresa, os impactos nas comunidades e famílias serão sentidos “durante muitos anos”: “Nas crianças fora da escola, por exemplo, isso será sentido durante muito mais tempo, sem oportunidade de continuar a educação.”A pesquisadora também aponta o risco de a recuperação “ser desigual e injusta”, devido à “distribuição desigual de vacinas”: “A recuperação da pandemia não pode ser voltar ao que era antes, tem que ter esforço da sociedade e governantes para se ter uma resposta mais inclusiva, temos que tentar pensar no futuro e construir sociedades mais justas.” Ler artigo completo

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